Mercado Municipal de Rio Claro

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Apesar de uma forte personalidade perceptível na primeira visita o Mercado municipal carrega uma história. A sua construção remete a um tempo de mais detalhes. Do comércio tradicional, original, percebe-se uma certa nostalgia no ar, nas conversas, e na forma diferenciada e especial com que os comerciantes atendem à clientela.

Tratamento herdado, aprendido, por famílias que vivem mantendo a tradição e a história de Rio Claro.

Em 1897 foi construído o prédio do Mercado Municipal de Rio Claro, que depois de um tempo, teve seu uso mudado para quartel do exército, mas em 1924 voltou a sua atividade comercial de origem.

Com a modernidade e a vinda dos grandes hipermercados o Mercado Municipal se destaca buscando ter produtos diferenciados, fácil estacionamento e propicia aos clientes momentos agradáveis em contato com um ambiente privilegiado. Se você está em Rio Claro, não deixe de visitar o nosso Mercado!

História:

O prédio do Mercado Municipal, localizado na Avenida 6(antiga rua 7 de setembro), foi construído em 1885(obra de Luiz Corazza e planta do Engenheiro Frederico Adams, em área de 6.500m2), originalmente para este fim, à margem direita do Córrego da Servidão, onde o lixo era descartado.

Sua inauguração, com enorme pompa, ocorreu em 15 de julho de 1897.

Até então, as feiras livres na cidade de Rio Claro eram realizadas em terrenos abertos em determinados locais, conhecidos como “Praças de Mercado”(av. 3, esquina da rua 5; av. 6, entre as ruas 5 e 6).

Entra-se neste edifício do século XIX por um pórtico com verga em arco pleno(à direita uma placa de mármore homenageia os vereadores do mandato de 1895). O pátio central, com chafariz de água potável – não mais existente – é rodeado por salas que comercializavam “secos e molhados”, hortaliças, verduras, aves e animais de abate. Havia também açougues e “botequins”.

As Forças da União usaram o prédio do quartel alojando a Sexta Companhia de Metralhadoras(6ª C.M). Em 4 de maio de 1918, uma suntuosa festa militar reuniu o comandante da VI Região Militar, General Luiz Barbedo, o Tiro de Guerra 2 e o 43º Caçadores de São Paulo, o Batalhão do Gymnasio de Campinas, os Bispos D. Nery e D. Joaquim Mamede, os Batalhões de Escoteiros de Jahú(boy scouts) e de Rio Claro. Na plataforma da Estação Ferroviária foram recepcionados(ao som do “Hymno dos Alliados”executado pela Banda do Grêmio) pela Sexta Companhia e pelos atiradores do 123, dentre outras autoridades, o Capitão Farmacêutico Irineu Penteado(representante do Prefeito Municipal Major Ignacio de Correa Mesquita, então enfermo), Dr. Eloy Chaves(por e na pessoa do Dr. Altino Arantes, Presidente do Estado), o Major Jornalista José David Teixeira, Dr. José Rinaldi, Dr. Eduardo de Oliveira Cruz(Juiz de Direito de Araras), Prof. Antonio S. da Silva, João Ramalho, Dr. Almeida Prado Jr., Eduardo Prado, Dr. E. Arouche de Toledo, Dr. Fabio Aranha e o Dr. Achilles de Oliveira Ribeiro. As tropas formadas chegavam até o Theatro Phenix. Em desfile, subiram a rua 8, em direção ao campo de football, onde a madrinha da Sexta, Srta. Maurízia Fernandes, proferiu discurso e entregou a Bandeira à Companhia.

Houve Missa Campal celebrada pelo Cônego Botti(deu-se depois, a inauguração do quartel), seguida da leitura da “Ordem do dia”. A sessão solene foi aberta às 20:00hs pelo Capitão João Augusto Guimarães que, pedindo permissão ao General Barbedo, passou a palavra ao orador da Sexta Companhia, Professor Anspeçada Arlindo Ungaretti. Este, então, ao concluir seu discurso, conclamou: …”Levantae bem alto, o auri verde pendão da nossa Pátria, e proclamae Victoria do Direito, da Justiça e da Civilisação, neste dia tres vezes memorável!” Encerrada a cerimônia com a fala do Capitão Joaquim Montenegro, Vice-Prefeito de Santos, ouviu-se o toque do Corneteiro José Custodio, ordenança do 2º Sargento Pedro de Alcantara Marinho. Um baile reuniu, depois, a comunidade Rioclarense(Diário do Rio Claro”Domingo, 5 de maio de 1918).

Tal ocupação, interrompida em 1924, resultou na alteração arquitetônica interna, com a demolição do chafariz(paisagem perpetuada na pintura de Nicola Petti, intitulada “Sol no velho mercado”, s.d., Óleo s/aglomerado). Há notícia de que o prédio também abrigou a Indústria Têxtil “Saad & Cia”.

Como parte das festividades do Primeiro Centenário da Fundação de Rio Claro, em 1927, foi realizada nas dependências do Mercado uma grande Exposição Industrial de Produtos aqui manufaturados, que atraiu visitantes de todo o estado.

Em 1929, devido às precárias condições e má frequência, o Mercado foi fechado pela Câmara Municipal, que instituiu feiras livres às quintas-feiras e aos domingos(Lei nº 190, 19 de janeiro). Na década de 20, o prédio foi retomado do Governo Federal, vindo o antigo “Largo do Mercado”a ser denominado Praça Coronel Padilha. Voltou à fundação original somente em 1949, quando reinaugurado pelo governo Adhemar de Barros. Contava com vinte e cinco salas; na área coberta, alugada por metros, havia bancas de vendedores ambulantes; uma completa mercearia, pertencente ao Sr. Antonio Bovo Sobrinho, além do concorrido Bar do Sr. Guilherme Hebling, onde, em agradáveis mesinhas eram servidos cafés, bebidas e salgados. A administração estava a cargo do Sr. Antonio Custodio.

De alta relevância histórica e cultural, o edifício do Mercado Municipal foi preservado graças às restaurações e outros reparos executados nas gestões Irineu Penteado, Benedicto Pires Joly, Humberto Cartolano, Francisco Penteado Jr., Fausto Santomauro, Augusto Schmidt Filho, Álvaro Perin e Kal Machado.

Sem conservação de há muito, o prédio do Mercado, de valor arquitetônico ambiental, encontrava-se com centenas de rachaduras invadidas pela vegetação, sobretudo na fachada, defronte à rua 9. Exibia, inclusive, arbusto de pelo menos um metro de altura, cabo e antena de televisão. Igualmente, a fachada voltada para a Av. Visconde do Rio Claro mostrava rachadura de alto a baixo(sem contar o desprendimento do reboco).

Na entrada de serviço(rua 9 com a av. Visconde), a platibanda da parede concentrava pombos cujos excrementos alcançam o solo.

No ano de 2004, no lado esquerdo da parede, pintura anunciava os produtos comercializados. Alé mesmo o muro à direita foi grafitado.

No jardim da Praça “Bolívar Escher”, carente de manutenção, lagartas devoravam as folhas das palmeiras; a sujeira espalhava-se e a placa informativa em homenagem àquele Vice-Prefeito, subtraída.

O hall da entra na Av. 6 esquina da rua 9, também grafitado.

Ora, manda o bom senso, que toda intervenção em monumentos históricos – tombados oficialmente ou não – obedeça a idêntico procedimento. Cumpre ressaltar que as estruturas do edifício bem como das espécies arbóreas, arbustivas e rasteiras, encontram-se altamente contaminadas por monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, hidrocarburetos…

Em 2006, o prédio do Mercado, de notável mérito urbanístico, foi restaurado pela Secretaria Municipal de Agricultura. A revitalização foi digna dos comerciantes, dos frequentadores, enfim, da comunidade Rioclarense, ávida pela Preservação de nosso legado histórico e cultural.

Oportuno lembrar a composição poética, o soneto “O Mercado”, escrito pela extraordinária Celeste Calil: “Já fui quartel – Fui bem interessante/E agasalhei soldados valorosos,/No centenário sim, fiz-me importante,/ A exposição me deu, dias famosos!/Quase caí – o tempo alucinante,/faz destruição, mas vultos carinhos,/por mim zelaram e hoje, comerciante,/eu passo os dias cheios, laboriosos…/Eu não sei o que será de mim!/Nunca fui mau, fui útil, isso sim…/E, toda a vida, eu sempre trabalhei!/Mas no bom Deus confio ternamente,/quero lutar, e, ser valentemente,/honesto no labor!/isto eu sonhei!

Fonte: Anselmo Ap. Selingardi Jr. – Arqueólogo-Pesquisador – Jornal Diário do Rio Claro

Localização:
Rua 8, entre a Av. 06 e Av. Visconde de Rio Claro
Telefone: (19) 3526-7152

Horário de Funcionamento:
De 2ª feira a Sábado das 7h30 às 18h30h. Domingos e feriados até às 12h30h.


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